Hedwig Eva Maria Kiesler, nascida na Áustria, em 1914; desde a infância demonstrava interesse por máquinas e invenções, mas ao observar a mãe pianista, decidiu-se por seguir o caminho das artes. Em 1930, aos 16 anos, fez sua primeira participação em um filme. Em 1933, quando tinha acabado de completar 18, Lamarr contracenou a primeira cena de orgasmo da história do cinema em “Ecstasy” (Êxtase). Ficou mundialmente reconhecida por isso.
Ainda em 1933, casou-se com Friedrich Mandl, dono de uma fábrica de armamentos e que tinha ligações com o governo nazista que acabara de chegar ao poder. Como esposa dele, Hedy parou de atuar e viveu prisioneira dentro de casa, segundo suas próprias palavras. Em 1937, insatisfeita com o casamento e com os rumos do país, ela fugiu da Áustria para Londres, na Inglaterra. De lá, ela partiu para os EUA, onde retomou a carreira de atriz de cinema. Em Hollywood, ela adotou o nome artístico Hedy Lamarr.
Enquanto enfrentava burocracias legais para levar a mãe aos Estados Unidos, Hedy decidiu tomar para si a missão de tornar a ofensiva dos Aliados contra o nazismo mais eficaz. Por causa de sua experiência como esposa de Mandl, sabia que, de todos os armamentos produzidos, os torpedos eram o que tinham maiores problemas. Além de imprecisos, eram também suscetíveis à interferência do sinal por navios inimigos.
Segundo a história conta, quando estava tocando piano ao lado do compositor George Antheil, eles começaram uma brincadeira de um dueto onde Hedy repetia - em outra escala - as notas que ele tocava. Isso a fez pensar que Antheil era o "transmissor de um sinal", como um submarinista ou um marinheiro, e ela, a receptora, ou um torpedo. Se o marinheiro e o torpedo constantemente pulassem de uma frequência de rádio para outra, assim como os dois fizeram ao piano, a comunicação se tornaria praticamente impossível de obstruir.
Estabeleceram assim um canal de comunicação simultânea e submeteram a ideia ao Departamento de Guerra norte-americano, que o recusou, em junho de 1941. No ano seguinte, a dupla conseguiu a patente – no dia 11 de agosto de 1942 – com uma versão inicial de troca de 88 frequências, mas não foi usado durante a Segunda Guerra Mundial. O fato de Lamarr ser uma jovem mulher famosa pesou para que o alto comando dos EUA simplesmente ignorasse suas ideias. Além disso, a tecnologia para implementar o sistema era avançada demais para a época.
Apenas 20 anos depois, em 1962, que as tropas americanas passaram a usar o aparelho. A essa altura, a patente de Hedy Lamarr já tinha expirado e uma empresa americana “adaptou” a invenção. O crédito aos verdadeiros inventores só foi dado em 1997, quando tiveram uma menção honrosa do Governo Americano “por abrir novos caminhos nas fronteiras da eletrônica”. Além de ser utilizada em comunicação de guerra, sua descoberta desenvolveu a maioria das comunicações sem fio que usam o salto de frequência, como celulares, redes wireless e GPS. Por isso, também é conhecida como a Mãe do Wifi.
Livro de romance histórico inspirado na história de Hedy Lamarr, A Única Mulher, escrito por Marie Benedict.